Capítulo 2

 



 A YT 2400 da Leandra era um cargueiro leve, modelo menor de 24 m². Havia uma rampa de carga no extremo oeste da nave e uma rampa individual para o corredor principal, no leste da nave. Nesse corredor haviam três portas, ao norte ficava a cabine de pilotagem, ao sul uma área de fuga e a esquerda um corredor que dava para o interior da YT, ligando o corredor principal a ala da oficina.

No centro do interior da nave ficava o salão, lá havia uma escada em espiral que levava até a área de tiro do cargueiro, ao norte do salão ficavam os quartos dos tripulantes e a ala médica, ao sul ficava a sala de engrenagem, ao leste do salão ficavam o quarto do capitão e a oficina e ao oeste ficava a área de carga.

 

 

A viagem seria longa, a região ficava, praticamente, do outro lado da galáxia. Leandra estava na cabine de comando sentada na cadeira em frente ao painel verificando sempre o trajeto a frente, e atenta a qualquer problema.

- Por que não descansa? Eu fico aqui. - Disse Hector despertando Leandra de seu estado de "semi concentração", já que estava meio concentrada e viajando em sua própria cabeça.

- Não te deixaria pilotar minha nave nem em mil anos. - Disse ela apenas, continuando o que estava fazendo.

Ele sentou no banco do lado. No total eram quatro bancos na cabine, dois na frente e dois atrás.

- Onde está seu novo amigo? - Perguntou ela, de súbito.

- Identificando as configurações da nave, procurando danos, essas coisas.

- Espero que só olhando, não quero que ele mexa nas configurações. 

O rebelde emitiu um grunhido de desdém.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, até que Leandra o quebrasse.

- Me conte tudo que sabe sobre a região desconhecida. – Disse ela então.

- Já foi até lá – Respondeu Hector. – Deve saber mais do que eu.

- Sim, quero saber o que você sabe.

- O bastante.

- Bastante quanto? – Insistiu Leandra.

– Muito bem.- Cedeu o homem. - Mas o que sei é apenas teórico.

- Ótimo. – Cortou ela.

Ele começou a falar meio a contra gosto. - Como deve saber, a região desconhecida ou caos, se preferir, é a parte da galáxia praticamente inexplorada pelos historiadores.

- Diga algo de construtivo. – Interrompeu Leandra com impaciência.

Hector deu um longo suspiro exasperado antes de continuar. – Se quer me ouvir vai ter que ouvir tudo. – Disse ele com certa irritação. - Como eu estava dizendo, como é um lugar praticamente inexplorado há muitas lendas e exageros sobre esse lugar, e é muito difícil separar os mitos da realidade. Pesquisei tudo que batia com outras pesquisas.

- Não é o bastante. – Disse Leandra.

- Como? Queria que eu visse os contos infantis também?

- Toda lenda tem alguma base na realidade. E é melhor se precaver. – Respondeu a caçadora calmamente.

- Temos muito tempo aqui, então porque não me conta seus contos. – Disse Hector com desdém.

- Não sei se é uma boa ideia agora. Pode ficar com medo e desistir da viagem.

O droide entrou na cabine zumbindo e assobiando.

- O que foi? – Perguntou Leandra alarmada. – Alguma coisa com a minha nave?

- Não. – Respondeu Hector. – Pedi para que ele pesquisasse tudo que fosse relevante para a viagem, parece que ele acreditou nos contos sobre a região desconhecida.

- Então trate de acalmar seu droide, já tenho trabalho o bastante aqui. – Falou ela com irritação.

 

 

 

- Não BB 4, não acho que tem um monstro do tamanho de um sol. – Disse Hector tentando acalmar o droide.

- Realmente, no máximo do tamanho de uma lua. – Respondeu Leandra saindo da cabine

- bip, bip zuuuuum?- Perguntou o droide.

- Não acredite em nada do que ela fala entendeu. – Sussurrou Hector. – O que foi. – Ele se dirigiu a caçadora.

- Estamos chegando em Coruscant. – Respondeu ela.

- Ótimo, pare lá, preciso fazer algumas coisas.

- Tem certeza, a cidade está uma baderna desde que acabou a guerra. – Disse Leandra mais do que depressa.

- Algum problema. – Hector arqueou uma das sobrancelhas com desconfiança.

- Nenhum, só acho que não será uma boa ideia.

- Não é uma opção. – Respondeu ele.

- Ficarei na nave então. – Disse ela por fim.

 

Eles pousaram sem problemas em Coruscant, enquanto Leandra fazia o pouso, Hector deu algumas instruções ao BB-4. Elas eram seguidas por alguns bips e assobios do droide, que logo eram respondidos.

- Eu preciso que fique na nave. Não, ela não vai matar você. Preciso que fique de olho nela, não a deixe sair da nave. Não vou poder responder enquanto tiver fora, mas tome isso. – Ele deu um pequeno dispositivo ao BB-4 que pareceu engoli-lo. – É um dispositivo de localização caso eu volte e vocês não estejam na nave. Se ela conseguir sair siga-a. Vá escondido. Não, eu não vou esquecer você em Coruscant.

Leandra abriu a escotilha para Hector e fechou assim que ele saiu, então foi até o seu quarto, colocou sua armadura leve e seu manto esfarrapado. Abriu novamente a escotilha e quando se preparou para sair BB-4 se pôs na frente.

- Saia droide, eu preciso passar. – A caçadora tentou passar por ele, mas ele se colocava na frente.

Ela deu um passo para trás e pegou a blaster. – Saia da frente agora! – Ordenou com firmeza, mas surpreendentemente o droide não saiu.

Ele apenas reproduziu a gravação da própria caçadora em holograma.

- Esperto. – Disse ela com verdadeira admiração, guardando a arma no coldre. – Mas está blefando, não vai chamar Hector, eu ouvi o que conversaram, ele não pode responder.

BB-4 então em um ato de coragem, tirou sua própria arma e a disparou perto da caçadora, seu pequeno choque elétrico.

- O quê?! – Leandra deu um pulo para trás com destreza, e se o droide não tivesse feito isso, o tiro teria pegado em cheio na caçadora. Outro tiro veio logo depois do primeiro, mas Leandra já tinha se escondido atrás de uma proteção, assim como BB-4 que se colocou em um canto tremendo.

- Desista Leandra. – Ela ouviu a voz ao longe. – Está cercada.

A caçadora pegou um pequeno objeto em seu cinto. – Me dê um minuto. – Gritou ela de volta. Depois sussurrou para o droide. – Eu vou jogar a granada de fumaça e fechar a nave, as armadilhas estão prontas, então, por hipótese nenhuma toque na fuselagem. Me de algo que eu possa segurar e guiar você.

O droide abriu um compartimento e estendeu o o braço robótico que usava para segurar as coisas, uma espécie de fio de cobre com uma garra na ponta.

- Segure no meu cinto e quando eu disse esteja pronto para correr. – Leandra apertou o dispositivo e jogou, logo ele começou a soltar muita fumaça branca. – Agora! – Ela puxou a alavanca para fechar a escotilha e saiu antes dela se fechar por completo, correndo em disparada.


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